Os Guardiões do Acerto Justo: A Advocacia Trabalhista que Equilibra o Jogo em Viçosa
VIÇOSA, MG – A porta do Fórum de Viçosa se abre e, por um instante, o sol da tarde ofusca a luz fria do corredor. Um homem de meia-idade, uniforme de trabalho simples, aperta a mão de sua advogada. O aperto é firme, longo. Não há um sorriso largo, mas algo mais profundo: um alívio que parece destravar os ombros, cansados de carregar um peso que não era só seu.
Essa cena, com protagonistas diferentes, se tornou parte da rotina na cidade. E os advogados trabalhistas daqui, que por muito tempo foram vistos apenas como o último recurso no meio de um conflito, hoje são reconhecidos por um papel bem mais complexo. São mediadores. Estrategistas. E, no fim das contas, peças fundamentais para que a engrenagem econômica de uma cidade em constante crescimento gire de forma mais justa.
“Ninguém quer o conflito. Nem o empregado, nem o bom empregador”, me diz Helena Costa, uma advogada cuja reputação foi construída em cima de acordos bem costurados e vitórias cirúrgicas. “Nosso melhor trabalho, o trabalho de excelência, não é o que termina com uma briga de anos. É o que devolve a dignidade para um e ensina o caminho certo para o outro.”
E, em Viçosa, esse ensinamento tem encontrado terreno fértil.
Mais que Reparação, Prevenção: O Efeito Colateral Positivo
O senso comum pintaria o advogado trabalhista como o terror dos patrões. A realidade, contudo, se mostra bem mais interessante. Os melhores escritórios da cidade descobriram que seu impacto vai além de consertar um erro do passado. Eles estão, aos poucos, ajudando a evitar os do futuro.
Conversei com o dono de uma rede de padarias local. Anos atrás, ele enfrentou um processo movido por um ex-funcionário, assessorado por um desses escritórios especializados. Perdeu. E a derrota, segundo ele, foi a melhor coisa que aconteceu para o seu negócio.
“Na época, a gente fica com raiva, acha que é perseguição”, ele admite, pedindo para não ser identificado. “Mas depois da pancada, eu entendi. Contratei uma consultoria, indicada pela própria advogada da outra parte, pra arrumar a casa. Hoje, eu não tenho mais problema com banco de horas, com adicional noturno. Meus funcionários trabalham mais satisfeitos. Sabe o que aconteceu? Minha rotatividade caiu drasticamente. No fim, ganhei dinheiro.”
Essa é a mudança de mentalidade que advogados como Helena estão provocando. Eles mostram, com a lei na mão e os números na mesa, que a conformidade trabalhista não é um custo, mas um investimento. Uma empresa que respeita o trabalhador não está apenas evitando um processo. Está construindo uma marca sólida, um ambiente produtivo e, paradoxalmente, se tornando mais competitiva.
A Dignidade que Volta para a Mesa do Jantar
Claro, a essência do trabalho continua sendo a defesa de quem está na ponta mais frágil da corda. E é aí que o impacto positivo se torna mais visível, mais humano. É a história do grupo de costureiras de uma pequena facção que, após meses recebendo por fora, conseguiram o sonhado registro na carteira. A vitória, celebrada com um bolo e refrigerante na porta do escritório, não foi só sobre o acesso ao FGTS ou à aposentadoria.
Foi sobre reconhecimento.
“Agora eu existo como trabalhadora, entende?”, disse uma delas, Maria da Penha, 48 anos. “Antes, era como se a gente fosse invisível. Agora meu trabalho tem nome, tem registro, tem valor.”
Esse “valor” é o que move os melhores profissionais da área. Eles sabem que uma vitória no tribunal não coloca apenas o dinheiro do acerto no bolso do cliente. Ela devolve o sono tranquilo, a capacidade de fazer planos, a sensação de que a palavra e o suor empenhados valeram alguma coisa.
É o caso daquele homem que saía do Fórum no início da tarde. Seu nome é Roberto, montador de móveis. Ele brigava por horas extras não pagas há quase dois anos. “Olha, moço, não é só a grana”, ele me disse, a voz ainda embargada. “É poder chegar em casa e falar pra minha esposa: ‘Deu certo. A gente tava certo’. Isso… isso não tem preço.”
Em uma cidade que se orgulha de ser um polo de conhecimento, esses advogados desempenham uma função vital: a de garantir que o progresso intelectual e econômico caminhe lado a lado com o progresso social. Eles não são apenas operadores da lei. São os guardiões do equilíbrio, garantindo que, ao final de um dia de trabalho, a conta feche para todo mundo. E de forma justa.